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Nextrends: Inovação, mitigação das mudanças climáticas e produtividade no agronegócio

por | 01/out

As mudanças climáticas pressionam nossas vidas diárias e afetam nossas vidas de uma maneira sem precedentes. Neste artigo da Nextrends, trazemos a você algumas iniciativas e inovações tecnológicas que podem ajudar a mitigar os efeitos das mudanças climáticas para garantir a produção sustentável de alimentos no futuro.

A mudança climática representa um desafio sem precedentes para governos, setor privado, academia e sociedade civil. O último relatório divulgado pelo Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática (IPCC) foi enfático: mudanças sem precedentes são necessárias para limitar o aumento médio da temperatura global da superfície em 1,5 graus Celsius.

Existem duas correntes de pensamento sobre como combater o aquecimento global. Parte significativa da população acredita que uma mudança de paradigma de comportamento do consumidor é necessária para prevenir (mais) tragédias. Por outro lado, uma grande comunidade vê a solução em inovações tecnológicas sustentáveis ​​que eventualmente permitirão uma economia mundial operando em um estado de emissões líquidas zero.

Embora ambas as afirmações sejam provavelmente parte integrante da equação, é inegável que as inovações tecnológicas podem ter impactos positivos rápidos e em grande escala. E em locais onde o meio ambiente é especialmente vulnerável, como é o caso do Brasil, as inovações tecnológicas terão um papel mais definidor do que, digamos, nos desertos dos Emirados Árabes Unidos.

Somando as emissões indiretas do desmatamento e as diretas, o agronegócio brasileiro responde por 71% das emissões totais do país, e o setor está no centro da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) ao Acordo de Paris, que inclui a recuperação de mais de 15 milhões de pastagens degradadas e reflorestamento de outros 12 milhões de hectares, além de reduzir o desmatamento ilegal a zero até 2030.

Principal fonte de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) do país e ao mesmo tempo uma das mais impactadas pelos efeitos das mudanças climáticas, a cadeia do agronegócio se depara com o enorme desafio de conciliar medidas de mitigação de GEE com aumento de produção e alimentos abastecimento para a população. Problemas fitossanitários, mudanças na geografia das lavouras, eventos extremos como secas e tempestades, perda de polinizadores e mudanças abruptas no regime hídrico são alguns dos efeitos das mudanças climáticas. Para o agronegócio brasileiro, são avanços alarmantes que ameaçam sua sobrevivência.

Às vésperas de uma catástrofe, novas iniciativas buscam promover a inserção da inteligência climática, ou seja, como tornar o setor mais resiliente às mudanças climáticas, no setor agrícola e de alimentos com o objetivo de aumentar em 50% a disponibilidade de alimentos nutritivos, reduzindo as emissões de GEE em 50%.

Dada a necessidade de combater as mudanças climáticas e reduzir seus impactos, medidas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas são urgentemente necessárias. Em termos de inovação tecnológica, as tecnologias disruptivas surgem com um importante papel ao contribuir para uma redução drástica na curva de emissões de gases com efeito de estufa.

O Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática (IPCC) abordou questões sistêmicas de inovação e tecnologia, incluindo uma avaliação da literatura sobre casos de sistemas de inovação tecnológica, política de inovação e implicações de novas tecnologias disruptivas.

Coordenado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), o programa Inteligência Agroclimática (IAC) promove a adaptação das lavouras às mudanças climáticas e busca reduzir as emissões de GEE, desenvolvendo resiliência e aumentando a produtividade. O projeto destaca a necessidade de garantir alimentos nutritivos para uma população crescente, com mercados globais e hábitos insustentáveis.

O uso de tecnologia avançada permite o melhor uso dos recursos. O setor agropecuário é um dos setores que mais pode se beneficiar da tecnologia da informação no Brasil para aprimorar processos e fazer mais com menos;

observou Percival Lucena, líder de blockchain da IBM Brasil, em painel de um seminário do CEBDS.

É necessário não apenas aumentar a produtividade, mas reduzir perdas e desperdícios após a colheita, promover mudança de hábitos, repensar marcos regulatórios e incentivos econômicos, desenvolver uma base produtiva que gere impactos ambientais e sociais positivos e construir uma cadeia de valor para uma nova bioeconomia produtos.

OLHANDO PARA O FUTURO

Conciliar os impactos das mudanças climáticas com o aumento da produção e da oferta de alimentos é o desafio da cadeia agropecuária daqui para frente. Um dos instrumentos possíveis são as parcerias público-privadas para pesquisa, desenvolvimento, demonstração, lançamento de tecnologias e cooperações internacionais com esforços conjuntos de pesquisa. Acadêmicos e empresas da Suíça e de todo o mundo podem desempenhar um papel crucial nesta empreitada, trazendo soluções para os desafios ambientais globais.

FONTES E REFERÊNCIAS

IPCC Report

WEF, How can technology help combat climate change

Science, technology, and innovation policies for climate change in Brazil

Technological innovation and environment: new approaches (in Portuguese)

Responding to climate change: technological innovation or individual behavior change? (in Portuguese)